Influência da publicidade na população jovem
As pessoas começam a fumar principalmente influenciadas pela publicidade maciça do cigarro nos meios de comunicação de massa. O maço de cigarros é apresentado como um passaporte para o mundo adulto, para o sucesso, para o glamour, para a sensualidade e a liberdade. E a propaganda consegue aliar as demandas sociais e as fantasias dos diferentes grupos ao uso do tabaco, fazendo crer que, ao fumar, esses desejos serão realizados. Isso acaba aumentando o consumo entre as pessoas que são fáceis de serem influenciadas: os jovens. Noventa por cento dos fumantes iniciam seu vício antes dos 19 anos de idade, faixa em que o indivíduo ainda está construindo a sua personalidade.
Pesquisas revelam que se uma pessoa não começar a fumar durante a adolescência, tem poucas chances de tornar-se um fumante na vida adulta. Nos documentos secretos da indústria do cigarro, trazidos a público através de processos judiciais nos Estados Unidos, na década passada, jovens e crianças são descritos como "reservas de reabastecimento", que devem ser viciadas cedo. Conscientes disso e de que a nicotina gera dependência orgânica, os fabricantes de cigarros dirigem as suas propagandas principalmente para o jovem.
Esses consumidores têm que ser substituídos por novos indivíduos, o que estimula o investimento constante em publicidade. Configura-se desta forma um ciclo onde o aumento de consumo traz o lucro para a indústria tabageira e para as empresas de propaganda, que, por sua vez, atraem novos fumantes e, assim, sucessivamente.
MARKETING - Para viciar os jovens, as companhias de tabaco chegaram a contratar, nas décadas de 80 e 90, pesquisadores de marketing para perguntar a adolescentes a partir dos 13 anos de idade quais eram seus hábitos de consumo e lazer e que veículos de mídia preferiam. A informação foi divulgada na "Voz da Verdade", um relatório sobre as atividades da indústria do tabaco, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
As estratégias de recrutamento de novos fumantes empregadas pela indústria do fumo são as mais diversas. Vão desde a mais simples distribuição de amostras grátis e o patrocínio de eventos esportivos ou artísticos, até a promoção de campanhas de saúde e o apoio a programas de hortas e cuidados com o meio ambiente, em escolas de 1º grau. Outro recurso publicitário utilizado é a oferta, no mercado de consumo, de produtos como roupas, sapatos, bolsas, bonés, jaquetas etc. contendo o logotipo dos derivados do tabaco.
Além dos jovens, as mulheres também são claramente identificadas como um importante grupo-alvo da publicidade do cigarro, tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. São gastos, anualmente, bilhões de dólares em promoções dirigidas especialmente ao público feminino, tais como as marcas "somente para mulheres" que associam imagens de mulheres bonitas fumando, com glamour e sucesso. Como resultado destas estratégias, em vários países o tabagismo é atualmente mais comum entre adolescentes do sexo feminino.
DADOS - Os números são alarmantes. A cada ano, morrem quatro milhões de fumantes no mundo. Ou seja, um a cada oito segundos. Só no Brasil, 80 mil pessoas morrem por ano devido ao tabagismo. Em outras palavras, cerca de dez brasileiros morrem por hora. De acordo com um estudo recente do Banco Mundial com a OMS, banir a publicidade e aumentar os preços do cigarro são medidas que causariam um impacto significativo e contínuo na queda do consumo de produtos derivados do tabaco.