Alimentação saudável de cada um em cada momento.

Hoje em dia o assunto que mais se fala em todos os meios de comunicação é da alimentação saudável, sem dúvida. Temos uma série de revistas, programas de televisão e inúmeras reportagens na mídia falando do assunto. Mas o que percebemos é que apesar da massificação de conceitos como diet, light, gordura trans entre outros, não há uma melhoria do hábito alimentar da população como um todo. Porque isto acontece? Na verdade para responder isto temos que avaliar vários fatores...

O primeiro é o grau de confusão que a mídia causa nas pessoas. Num momento o café é o grande vilão, no outro é ótimo, aumenta a memória e a concentração; num momento o chocolate engorda e aumenta o colesterol, no outro melhora a saúde cardiovascular. Em que acreditar afinal? Os cientistas não chegam a um acordo! Na verdade o que acontece é que grande parte das pesquisas realizadas hoje em dia é feita de forma fragmentada: num estudo se avalia o efeito de uma substância presente em um alimento, que, isolada, causa um determinado efeito, em segundo estudo se avalia outra substância que causa um efeito diferente, às vezes inverso. Só que quando a mídia divulga, ela não divulga a substância, mas o alimento, e aí se cria à confusão. O grande problema por trás disto tudo é uma falta de interesse da ciência em estudar o efeito dos alimentos como um todo no organismo. Todo alimento é formado de dezenas ou centenas de substâncias químicas agindo em conjunto e o efeito conjunto de todas elas sempre vai ser diferente do efeito isolado de cada uma delas. Fala-se muito em minerais, vitaminas, proteínas e inúmeras substancias que causariam tal ou qual efeito, e acaba que as pessoas mal sabem o que contem os alimentos que estão consumindo e quais seus reais efeitos na sua saúde.

Outra questão importante é o conceito que as pessoas tem de saúde, do qual deriva o conceito de alimentação saudável. Em muitos casos situações claramente patológicas (não necessariamente no sentido de uma doença que tenha um nome, mas no sentido do mau funcionamento do organismo em algum aspecto) são consideradas “normais”, só por que hoje em dia são comuns de acontecer. Só para citar alguns exemplos: ter cólica menstrual, ter enjôo na gravidez, ter dor de cabeça com freqüência, viver de nariz entupido, ir ao banheiro dia sim dia não e vai por ai afora! Tudo isto é sinal de que o organismo está funcionando bem. Então se a alimentação que a pessoa está fazendo e o estilo de vida que está levando causam alguns destes ou outros sintomas é sinal de que aquela alimentação e estilo de vida não são saudáveis para aquela pessoa.

E aí vem uma última questão importantíssima, a tentativa, em tempos de globalização, de achar uma solução milagrosa, uma conduta alimentar que resolva todos os problemas de todas as pessoas. O que as medicinas tradicionais sempre nos disseram e que a ciência aos poucos vai reconhecendo é que não há como estabelecer um padrão de alimentação saudável para todos. A alimentação saudável depende de como funciona organismo de cada um, qual é o temperamento de cada um, em que momento de vida está, em que lugar mora, que estilo de vida leva. Isto quer dizer que também não existe alimentação saudável para sempre!

A grande característica de um corpo saudável é que ele se adapta a diferentes circunstâncias, a doença é sempre uma cristalização, uma falta de capacidade de adaptação. Assim uma alimentação saudável vai ser variada e variável, acompanhado as modificações do individuo em todos os níveis, dando suporte para estas mudanças que são inerentes à vida. A alimentação saudável deriva de um processo de autoconhecimento e vai gerando consciência e capacidade de adaptação aos diferentes processos. Assim, cada pessoa vai aprendendo que é sempre única em todos os momentos, e sempre de diferentes formas.
Viva a mudança, viva a diferença!

Deise Lopes (CRN 1 1168), Nutricionista com ênfase em terapias complementares (medicina chinesa, fitoterapia, complementos alimentares naturais).

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