Jornal:Estado de São Paulo
A saúde na era da TI
Na cidade de São Paulo, com 12 milhões de habitantes, a Prefeitura comanda 396 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 28 unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA), 12 Prontos-Socorros (PS), 5 Prontos Atendimentos (PA), 23 ambulatórios de especialidades, 65 unidades de saúde mental, 44 centros de apoio, 16 unidades de saúde bucal, 5 unidades de saúde do trabalhador e dezenas de outras em áreas como atendimento especializado em doenças sexualmente transmissíveis, dependência química, etc. Dá para perceber o enorme desafio que é gerir eficientemente toda essa rede. Ao buscar na Tecnologia da Informação (TI) instrumentos para vencê-lo, a Prefeitura conseguiu, em menos de dois anos, avançar sensivelmente em termos de gestão da rede e de assistência à população.
Desde 2004, a Secretaria Municipal de Saúde investe na instalação dos módulos de um sistema integrado de gestão, o Siga Saúde, capaz de oferecer, eletronicamente, o histórico de saúde dos pacientes, controlar e organizar o fluxo de pacientes, gerenciar as unidades de saúde e proporcionar conectividade a todo o sistema. Todo paciente que procura por uma UBS é cadastrado, recebe um cartão de identificação usado no Sistema Nacional de Saúde (SUS) e passa a contar com um histórico de saúde eletrônico que, a partir de outubro, estará à disposição de qualquer médico da rede. Durante as consultas, o médico terá em seu monitor todo o prontuário do paciente.
O módulo de cadastro do sistema, que entrou em operação no ano passado e já está disponível em 372 UBSs, já emitiu 11 milhões de cartões de identificação, número próximo ao total de habitantes da cidade. Isso mostra que a rede pública municipal atende também moradores de outras cidades, onde os serviços de saúde são mais precários. Até o fim do ano, todas as 396 UBSs e demais 170 unidades de saúde da rede contarão com o módulo de cadastramento eletrônico.
Mais do que identificar o paciente, o Siga Saúde permite controlar o fluxo e a organização dos serviços. Durante atendimento na UBS, caso seja identificada a necessidade de tratamento especializado, funcionários da unidade buscam vagas nos ambulatórios de especialidades e agendam a consulta para o doente. Esse procedimento evita que o paciente tenha de percorrer longos trajetos e de enfrentar filas em várias unidades em busca de vaga. Para os profissionais de saúde, facilita a organização do trabalho e, para o Município, reduz bastante os custos.
Procedimentos altamente burocráticos como a Autorização para Procedimentos de Alto Custo ou Alta Complexidade (Apac) também ganharam agilidade. Antes da instalação do Siga Saúde, o pedido de autorização era enviado pela UBS para uma central, onde um médico o analisava e devolvia para a UBS com o deferimento ou não. O processo demorava semanas. Agora, com o uso dos e-mails não se perde esse tempo. Hoje, das 14 mil Apacs realizadas por mês na rede municipal, 70% são eletrônicas.
Com essa tecnologia, o controle de estoque dos medicamentos e o abastecimento da rede tornaram-se precisos. Assim que um remédio é entregue ao paciente, a central de medicamentos recebe a informação e reabastece a unidade de saúde, não permitindo que falte nenhum dos 173 produtos que compõem a lista básica da Secretaria de Saúde.
A gestão eficiente da rede municipal, com a concentração de informações sobre o paciente, o controle sobre o agendamento de consultas, de exames e do estoque de medicamentos, reduziu a duplicidade de pedidos, a ocorrência de fraudes e o desperdício.
Tanto que um convênio já foi assinado com o governo do Estado para expansão do sistema Siga Saúde nos municípios paulistas. Na rede estadual, o módulo de cadastramento eletrônico já está em instalação e pelo menos 15 milhões de pacientes já foram cadastrados. Também foi firmado um convênio de cooperação técnica com o Ministério da Saúde, para permitir que o sistema venha a funcionar em âmbito nacional.
Os sistemas integrados de gestão, amplamente utilizados no setor privado, finalmente começam a servir ao setor público.