Diagnóstico é o primeiro passo para cura da impotência sexual
SUS oferece consultas para quem sofre da doença. Autoridades alertam para o risco da auto-medicação, que pode até levar à morte
Problema para homens e mulheres, a impotência sexual passou a assustar bem menos a partir do fim dos anos 90, quando se iniciou a fabricação, venda e grande procura por medicamentos específicos indicados para o combate à doença. Com a rápida circulação da informação pela Internet e o bombardeio de propagandas na mídia, não faltam "poções" milagrosas que não só prometem acabar com a impotência como aumentar sensivelmente o desempenho sexual dos homens. O que as propagandas não dizem é que o uso - com ou sem acompanhamento médico - pode oferecer riscos graves à saúde. O mais indicado ao se deparar com a doença, é procurar a ajuda de um profissional e um tratamento adequado.
A palavra impotência tem sido tradicionalmente usada para definir a incapacidade de se obter e manter uma ereção satisfatória, o que impede a plena realização do ato sexual. Disfunção erétil é o termo médico atualmente mais aceito para definir essa condição. A disfunção erétil pode estar presente mesmo quando houver o desejo e o orgasmo (ejaculação). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que cerca de 30% da população economicamente ativa do mundo possuem algum tipo de disfunção erétil. No Brasil isso representa algo entre 11 e 15 milhões de homens.
“A disfunção erétil tem várias causas orgânicas e fatores de risco”, explica o assessor especial do Departamento de Atenção Especializada (DAE) do Ministério da Saúde, Diogo Mendes. A lista inclui problemas vasculares, diabetes, hipertensão, o uso de certos medicamentos, desordens neurológicas como a esclerose múltipla, alcoolismo crônico, consumo elevado de tabaco, traumas pélvicos, lesões da coluna vertebral e anormalidades hormonais.
“A doença também pode ter origens culturais e psicológicas, como o temor sobre o desempenho sexual, o estresse, a depressão e os conflitos matrimoniais”, acrescenta Diogo Mendes. Os distúrbios de ordem psíquica normalmente atingem a faixa mais jovem da população masculina em atividade sexual. Já os orgânicos se manifestam com maior freqüência nas pessoas de mais idade.
Uma das preocupações das autoridades de saúde no Brasil é romper com o preconceito de não se discutirem as disfunções sexuais. O Ministério da Saúde também quer romper com uma visão estreita de alguns setores da saúde de encarar a impotência apenas como um problema a ser tratado pelo uso de medicamentos. Na visão do governo, não discutir o assunto é um dos obstáculos para o tratamento adequado da doença. "Temos provocado o debate constante nas sociedades de especialistas em urologia e ginecologia", destaca Diogo Mendes.
O assessor questiona uma visão vendida pela mídia de que homens e mulheres têm que ser “superpotentes”, com performances sexuais “fantásticas”. Na opinião de Diogo Mendes, modelos como esse geram angústias e frustrações e até podem contribuir para originar casos de impotência. “A mídia promove uma estetização inadequada dos corpos, cria imagens idealizadas e coloca em segundo plano as relações afetivas”, critica.
Diogo Mendes lembra que com a grande repercussão de novos medicamentos para disfunção erétil, a partir de 1998, a população masculina passou a exigir mais objetividade do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate à impotência sexual. Para ele, as respostas do Ministério da Saúde em relação ao SUS ficaram mais claras a partir de 2003. "O ministério melhorou a remuneração das consultas em todas as áreas, incluindo as que atendem os pacientes vítimas de problemas como a disfunção erétil", lembra Mendes.
Consultas - Quem sofre de impotência sexual pode ter acesso a consultas pelo SUS nas áreas de endocrinologia (diabéticos ou quem tem alterações hormonais), cardiologia (quem tem hipertensão), urologia e clínica médica. O primeiro passo que o paciente deve dar é procurar um clínico médico, que o encaminhará a uma especialidade, se isso for necessário. Algumas unidades de saúde também oferecem atendimento psicológico. Os medicamentos para disfunção erétil não fazem parte da distribuição por co-participação do Ministério da Saúde com estados e municípios, por não serem considerados prioritários.
Para as autoridades, é fundamental que o paciente que sofre de impotência sexual procure a ajuda de um profissional qualificado e fuja das promessas dos tratamentos “milagrosos”. A auto-medicação deve ser evitada a qualquer custo.
O assessor do ministério diz que o uso indiscriminado de remédios, como os divulgados por spams na Internet ou em propagandas na televisão, é um grande perigo à saúde, capaz até de levar o paciente à morte. "A disfunção erétil pode ser resultado de uma hipertensão ou de um excesso de colesterol. Nesse caso, o remédio só vai atacar a conseqüência e não a origem do problema", exemplifica. "Se o paciente faz o tratamento correto e se existe prazer na relação, a disfunção tende a desaparecer", conclui.
O arsenal terapêutico atualmente disponível para o tratamento da disfunção erétil reúne uma diversidade de alternativas como a psicoterapia e a terapia comportamental - no caso de tratamentos com psicólogos ou psiquiatras - reposição hormonal por medicamentos, drogas de uso intrauteral, tratamento cirúrgico, tratamento por via oral e, como um último recurso, a prótese peniana. “A consulta ao médico é fundamental, pois ele é quem pode diagnosticar ou não a existência da disfunção erétil e escolher o melhor método para o tratamento”, recomenda Diogo Mendes.
Vida saudável pode evitar o problema
O tratamento da disfunção erétil contribui para a melhora da auto-estima do paciente e de seus parceiros. Normalmente, por não conseguir uma relação sexual satisfatória, a vítima da disfunção erétil acaba sofrendo emocionalmente. "O não tratamento da impotência é capaz de levar o homem a desajustes pessoais, familiares, sociais e profissionais", observa Diogo.
Para Mendes uma vida saudável ajuda a prevenir não só a impotência sexual como várias outras doenças. As pessoas devem adotar uma alimentação saudável, praticar uma atividade física, não fumar e evitar o álcool. O tabagismo, uma vida sedentária, o consumo excessivo de álcool e a obesidade são algumas dos fatores capazes de provocar a impotência sexual. "Todos esses problemas afetam a circulação sangüínea e dificultam a irrigação do corpo humano, inclusive o pênis”, diz.